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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A importância da Leitura dos Rótulos dos Alimentos

  Uma das coisas que o consumidor deve estar mais atento nos dias atuais refere-se à questão da leitura dos rótulos do que estamos adquirindo para nosso consumo. Recentemente, faltou-me uma farinha integral para produção e fui à padaria mais próxima aqui do bairro onde moro para tentar encontrar farinha integral. O padeiro me conseguiu um pacote, de uma marca famosa de um grande moinho. Ao ler o rótulo do produto, constatei que o mesmo continha alguns conservantes, ou seja, nem farinha integral escapa. O ideal seria comprar grãos de trigo orgânicos, adquirir um moinho portátil e eu mesmo fazer minha farinha na hora, em casa. Fiquei pensando, como é ruim toda esta carga de venenos, corantes, conservantes, estabilizantes que o mercado nos quer impor em 80% ou mais do que estamos comprando e levando para nossas casas!!! Meu Deus!!
Daí a greande importância da leitura dos rótulos, não apenas para conferir prazo de validade, análise nutricional, mas também para ter em mente que carga de aditivos químicos iremos levar hoje para nossa família consumir!!
E o homem tem uma grande vantagem que é o poder de escolher o que levar ou não levar e isto é muito, muito importante. Daí a importância da valorização da produção local, dos orgânicos da nossa horta familiar doméstica, do preparo por nós mesmos de uma maionese, um molho de tomate, um creme, um iogurte, um simples pão! Na foto abaixo, um rótulo de um pão meu, Naan Indiano, com informações claras e sem NENHUM TIPO DE CONSERVANTE OU CORANTE!!
O hortomercado de Itaipava, na cidade onde moro está cheio de atravessadores de mercadorias adquiridas no CEASA no Rio, trazidas para cá e revendidas com margens absurdas de lucro. Hoje nosso pequeno produtor prefere largar sua produção familiar, sua horta, sua criação de galinhas para viajar quilômetros, comprar de quem produz em larga escala com venenos e com lucros absurdos...preferem deixar de ser produtores para se tornarem atravessadores e isto é lastimável!

Esta situação necessita ser revista e que realmente ao nos depararmos com um alimento seja ele qual for, que façamos a leitura e correta interpretação dos rótulos, única saída para podermos escolher o que é melhor para a saúde de nossas famílias, separando o joio do trigo!

domingo, 17 de outubro de 2010

Naan, o melhor pão chato vem da India

  Nunca tinha conseguido uma boa receita de Naan, até que a King Arthur, mais antiga fábrica de farinha de trigo dos Estados Unidos publicou uma, EXCELENTE. O pão Naan é sem sombra de dúvidas o melhor entre os pães estendidos ou chatos que já fiz e provei. Temos o delicioso Barbari, do Irã, o Chapati ázimo ( sem fermento ) Indiano, o Injera da Etiópia, os Pita ou Árabes do Oriente Médio, todos muito bons. Nenhum porém chega perto em qualidade, textura, maciez quanto o Naan Indiano elaborado com a mais pura manteiga Ghee e dose generosa de iogurte fresco. Para finalizar no topo vão algumas sementes de erva-doce e aos que desejarem umas pinceladas de manteiga no final.
Esta receita é de P.J. Hamel uma das pessoas do staff da King Arthur e realmente é DELICIOSA.

INGREDIENTES:

4 xícaras grandes de farinha de trigo branca, peneiradas
2 colheres de chá de açúcar peneiradas
1 e 1/2 colher de chá de sal marinho 
2 colheres de chá de fermento biológico instantâneo seco
1 colher de chá de fermento químico
2/3 de xícara grande de leite morno, desnatado
2 colheres de sopa de manteiga Ghee amolecida
1 ovo
1/2 xícara grande de iogurte desnatado natural

Preparo:

Numa bacia misture os ingredientes secos, acrescente o ovo, o iogurte, a manteiga Ghee e vá acrescentando aos poucos o leite morno, trabalhando até obter uma massa macia. Forme com esta massa uma bola, descanse por 20 minutos, retire os gases da massa e trabalhe-a sovando por 8 minutos. Cubra novamente e deixe-a crescer por uma a duas horas ou até dobrar de volume. Retire novamente os gases, divida a massa em 4 pedaços equivalentes e forme com os mesmos, pães achatados com formatos irregulares aproximadamente da forma de gotas de  lágrimas grandes. Deixe-os descansar por mais 20 minutos a 1/2 hora cobertos. Pré-aqueça o forno a 220 gráus C. Coloque-os sobre assadeiras préviamente untadas com óleo e pincele o topo com claras de ovo batidas com um pouco de água gelada e salpique sementes de erva doce a gosto. Asse-os por 30 a 35 minutos ou até dourar bem o topo. Retire do forno e deixe-os esfriar sobre uma grade vazada por 30 minutos antes de consumi-los.

  Este pão é macio, com o fundo levemente crocante, finíssimo e de paladar adocicado e maravilhoso. Faz-se excelentes sanduíches com ele especialmente com queijos magros, cream cheese e outros. Fica ótimo simplesmente com um fio de um bom azeite de oliva.

Para saber mais:

O melhor Naan que já fiz!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

É bom que falemos de pão...

 Há alguns dias aconteceu um evento em São Paulo na Livraria Cultura onde reuniram-se alguns padeiros de renome, para falar de um assunto que conhecem bem, mas que pouco se fala. O Pão.
 Fazer um evento, um debate para se falar do simples pãozinho já é um alento, muito positivo mesmo.Na verdade, não temos no Brasil uma cultura dos pães. Temos uma série de excelentes revistas culinárias no país e apesar de algumas delas estarem no mercado há dez ou vinte anos, pouco ou quase nada abordaram até aqui para falar do pão. Há hoje em todas elas um caderno, um encarte, uma quase nova revista com dezenas de páginas para se falar de vinhos, formamos enólogos, sommeliers e os padeiros, estes sempre serão tratados como padeiros, simples padeiros?
Mas como ser um bom padeiro sem ingredientes que nos levem ao bom pão. A vinicultura nacional investe pesado em novas tecnologias e já podemos degustar excelentes vinhos nacionais graças às pesquisas, investimentos e estudos.A Embrapa afirma que o Brasil tem dezenas de espécies de mandioca, mas nas feiras e mercados encontramos apenas uma. Os moinhos produzem apenas um tipo de farinha, segundo eles com balanceamento médio que permita que com ela se faça pães. Como fazer bons pães sem as farinhas de melhor qualidade? Há na Embrapa alguma pesquisa de melhoramento da farinha de mandioca para uso em panificação? Portanto, esta busca pelo pão de qualidade superior deve ser sim exercitada, mas ela vem revestida de uma ducha de água fria ao percebermos o quanto o mercado está engessado quanto a estes parâmetros. Procuramos ingredientes de qualidade e não encontramos. Recentemente procurei uma das maiores escolas técnicas do país para fazer um curso de pães. O instrutor simplesmente não sabia fazer pães, errou as receitas e teve de ser substituído às pressas. Então, toda esta discussão com relação ao bom pão, fica capenga muito capenga por total falta de bases para uma reflexão que leve efetivamente a resultados, bons resultados.
Poderemos e teremos sim o dever de evoluir muito nesta área no país. No entanto enquanto continuarmos a achar que o melhor pão é o Francês da padaria da esquina e que o melhor hamburguer do mundo é feito com o pão de hamburguer do Mc Donald, francamente, precisamos mesmo é evoluir nossa cultura gastronômica antes de mais nada.De que adianta este discurso de uso da farinha de mandioca em pães se não melhoramos e estudamos a farinha de mandioca para se fazer bons pães? Na gastronomia podemos sim criar sempre coisas novas e boas mas precisamos dispor de ingredientes da mais alta qualidade para tanto.
Temos muito, muito que evoluir.E em áreas onde muitas vezes não temos como operar. Temos simplesmente que aceitar o que o mercado nos oferece.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fugindo à ditadura das receitas... Pão de Mandioquinha e Salsa

Carlos Alberto Dória em seus livros e suas reminiscências culinárias, SEMPRE tem chamado nossa atenção para que nos libertemos de receitas e fórmulas pré-concebidas ao adentrarmos uma cozinha e nos vermos diante dos desafios que a criação nos apresenta. Reside aí,  exatamente a felicidade do executor seja ele um chef de cozinha, um padeiro, um confeiteiro. Certamente ao pensarmos na vastidão, na imensa vastidão de possibilidades entre uma coisa e outra, sem estarmos amarrados a medidas exatas estaremos aí sim construindo felicidade na cozinha, felicidade esta que refletirá diretamente nas percepções sensoriais de quem vai degustar nossas criações, aprovando-as ou rejeitando-as. Para que isto ocorra, é preciso antes de tudo que saibamos nos afastar daquelas fórmulas pré-concebidas, exatas e de balança que temos prontas nos livros e portais da internet.

Para que haja a criação é preciso a experimentação. Como poderemos descobrir as várias possibilidades de um alimento se o preparamos sempre e do mesmo modo como nos ensinaram, fazendo assim, assim e assim...? Aí reside exatamente o foco de meu trabalho, minha criação com pães, a parte artesanal criativa e creio que o que posso aprender e ensinar é a técnica, a técnica que se traduz em sabedoria, cuja maior vantagem é permitir à pessoa que aja com criatividade, podendo após ter o domínio das técnicas, criar, inovar. Tenho uma pequeníssima produção artesanal de pães e volta e meia encontro amigos e mesmo meus clientes que me vêem com a sacola cheia de pães diferentes, solicitam minha lista e eu a repasso com mais de 220 ítens, e estas pessoas vivem me questionando: - Porque não focar em um ou dois ítens e produzir estes ítens em grande quantidade, ganhando escala e faturando mais? Este não é o Norte que busco. Busco isto sim, na variedade, exercitando minha criatividade, com base no domínio da técnica que hoje tenho, inovar em minhas criações, buscando novos conceitos, novos sabores e texturas e descobrir muitos novos pães que se não fossem obra de minha criatividade, de minha paixão pelo que faço, como poderiam existir?
Um claro e delicioso exemplo é este pão aí da foto, um Pão de Mandioquinha, ou Batata Baroa com Salsa e Quinua Real, executado à perfeição com o domínio que tenho para se fazer um bom Challah. Então, por que motivo ficar atrelado à forma de trança tradicional do Challah se esta massa me permite fazer muito mais do que simples e deliciosas tranças?
Quero que meus seguidores e aqueles que estão se iniciando, pensem sempre e muito nisto. Só não vale ficar fazendo criações, desconstruindo receitas tradicionais como as de um verdadeiro Croissant folheado com a mais pura manteiga e colocando no mercado outros pães, outras massas que você mesmo tenha criado utilizando os nomes daqueles que já tenham dado sua contribuição a tais construções. Nada de fazer pães com massa de brioche, dar forma de lua crescente e denominá-los Croissants. Vamos exercer a criatividade aqui também e nomear, criar verdadeiramente novos pães.
Blog de Carlos Alberto Dória 

sábado, 9 de outubro de 2010

Segredos Revelados...Manteiga do Outback

  Gosto demais de um pão, que é ´febre` na rede Outback no Rio de Janeiro. Trata-se do Pão Australiano ou Aussie Bread, um pão escuro feito com farinha de centeio, cacau em pó, açúcar mascavo, manteiga e polvilhado com semolina de granum durum, no caso do meu Australiano. Meus clientes viviam me pedindo este pão, e realmente é delicioso, macio, docinho e ótimo para finas torradas. Daqui a alguns dias postarei aqui a receita deste pão.
Hervé This, pai da gastronomia molecular, como já mencionei em outro texto neste blog, revelou em recente entrevista à revista Prazeres da Mesa do querido Ricardo Castilho e Mariana Lazzaretti. - Segredos morrem com a gente e isto, é uma estupidez!!
Certo, não? Sim, certíssimo!!
Então, um dos propósitos deste blog é revelar o segredo daquela deliciosa manteiga servida com aquele pão que vem à mesa com uma faca encravada no seu topo, o Pão Australiano.
 Utilize sempre manteiga sem sal de ótima qualidade como Aviação, La Sereníssima, Président, ou Burro Soresina italiana.
Utilize a manteiga na temperatura ambiente e bata-a na batedeira, em velocidade alta. Vá acrescentando água gelada até a manteiga ficar aerada. (Use no máximo 1/4 de xícara de água gelada para cada xícara de manteiga batida.) Esta é a receita e fica realmente deliciosa.
Outra dica. Meu Pão Australiano, segundo os próprios consumidores é bem melhor que o da famosa rede no Rio, isto por que é produzido em muito menor escala, sob encomenda e sem aditivos, amaciantes ou conservantes.
Aqui, foto de meu Australiano, como todos amam!
AUSSIE BREAD OU PÃO AUSTRALIANO

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dicas para um bom pão - Aeração da massa

  Hoje, vou escrever sobre uma das mais básicas técnicas para se obter um bom crescimento das massas de pão. A aeração da massa. Consegue-se uma boa aeração, imprescindível a um bom pão, com a simples e correta retirada de farinha de dentro de sua embalagem, seja ela um simples saco com 1 kg. ou mesmo um saco maior de 25, 30 kg. ou mais. Devemos sempre que possível retirar a farinha cuidadosamente e não num movimento brusco, afundando a xícara ou caneca com força no saco de farinha. Este preenchimento meticulosamente cuidadoso da farinha, sua peneiração, são imprescindíveis a uma boa aeração. O uso da peneira favorece principalmente quanto à higiene da massa, pois a peneira vai reter impurezas e materiais fisicamente indesejáveis, além de insetos ou parte deles. A peneiração vai inclusive permitir esta maior aeração da massa, permitindo um processo de autólise ( mistura inicial de farinha com água, e descanso breve, visando fortalecer a ação do glúten ) mais eficiente. Portanto esta dica é mesmo uma das mais básicas e primeiras a ser seguida. Uma farinha bem cuidada, aerada e livre de impurezas é tudo o que precisamos para iniciar o processo do bom pão. Simples assim!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pan de Sal das Filipinas


  
  Uma das coisas que mais gosto, é exatamente descobrir o que outros povos estão comendo, que pães escolhem para sua alimentação. E gosto de reproduzi-los. Dentre estes um dos que mais faço e me agrada é o Pan de Sal, um delicioso pãozinho das Filipinas com uma camada de miolo de pão no topo. É macio, crocante, perfeito para pequenos lanches, sanduíches ou acompanhando um café.

Aqui a receita:

Pan de Sal Filipino

Ingredientes:

06 xícaras de farinha de trigo branca
3/4 de xícara de açúcar
1 1/2 colher de chá de sal marinho ou flor de sal
1/2 xícara de manteiga sem sal
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de fermento químico
2 xícaras de leite
25 g. fermento biológico.
 miolo de pão ( panko ) para colocar no topo

Modo de fazer:

Numa panela, esquente o leite quase até a fervura. Dilua a manteiga neste leite e deixe-o chegar à temperatura ambiente. Adicione o açúcar até dissolver. Adicione o fermento até dissolver. Numa bacia à parte, peneire a farinha, o sal marinho, acrescente o bicarbonato e o fermento químico.  Vá acrescentando a mistura líquida aos ingredientes secos e trabalhando a massa até uma consistência firme e macia. Enfarinhe ligeiramente uma superfície lisa e deite a massa sobre ela. Enfarinhe ligeiramente o topo desta massa e sove-a por 4 a 8 minutos. Cubra-a com filme plástico e descanse-a por uma hora. Retire os gases, cubra-a novamente e deixe repousar a temperatura ambiente por mais 20 minutos. Molde pequenos pãezinhos redondos com a massa, molhe o topo dos mesmos com água gelada e passe a parte úmida por sobre o miolo de pão, cobrindo sua superfície com o mesmo. Unte uma assadeira com óleo e vá organizando os pãezinhos deixando-os descansar mais 30 minutos a temperatura ambiente. Neste meio tempo, pré-aqueça o forno a 260 graus C, asse-os por 10 minutos, abaixe o forno para 200 graus C e asse por mais 20 a 25 minutos ou até dourar. Retire-os do forno e deixe-os esfriar sobre uma grade vazada.
Delicioso com manteiga, geléia ou para pequenos sanduíches.

Challah e sua massa fantástica!

Estive no Rio, reunido com Margarida Nogureira e o pessoal do Slow Food e para brindar com Prosecco, levei dois Challas para que o pessoal pudesse degustá-lo. Queria ali também ouvir as impressões da turma sobre aquele pão. E todos gostaram muito, sendo que inclusive Cláudio Neilman um dos amigos presentes, pediu um aparte para elogiar os pães, e como membro da comunidade Judaica o  amigo Cláudio classificou meu Challah como um dos melhores que ele já havia provado até ali. Classificou-o de macio, aromático e muito correto. E realmente assim o é. É talvez dentre os mais de 120 pães que produzo, o de massa mais versátil já que é um pão cuja massa é rica, pela adição de ovos, boa gordura, açúcares e tal enriquecimento promove um crescimento muito consistente e belo nesta massa. É um pão que pode ser feito em pouco mais de uma hora sem muita perda de qualidade final. Suponhamos que você precise receber amigos em casa, receber uma visita de última hora, um amigo chegou de viagem e você quer surpreende-lo com um bom pão! O Challah é a escolha mais sensata. Este pão, que é degustado pelos Judeus no dia de descanso semanal deles o ´Sabath`, é preparado por eles na sexta-feira. Produz-se com eles excelentes Torradas Francesas. Vou aqui passar a receita deste pão para que todos possam fazê-lo em casa.

Challah

Ingredientes:

06 xícaras de farinha de trigo branca
04 colheres de sopa de açúcar
1 1/2 colher de chá de sal
3 ovos
8 colheres de sopa de óleo de milho ou girassol
02 colheres de sopa de mel
25 g de fermento fresco
1 xícara e 3/4 de água mineral morna. 
Sementes de gergelim brancas ou pretas ou ambas.
gema de ovo com água gelada para pincelar

 Preparo:

   Numa bacia, misture a farinha peneirada, o açúcar peneirado e o sal. Acrescente os ovos, o óleo e o mel. Na falta de mel, pode-se utilizar um pouco de açúcar mascavo diluído em água. Numa xícara à parte dissolva o fermento com parte da água morna e acrescente à bacia. Vá trabalhando a massa, unindo cuidadosamente os ingredientes enquanto acrescenta mais água. A consistência da massa deve ser elástica, firme desgrudando do fundo da bacia. Enfarinhe ligeiramente uma bancada e deite a massa sobre ela, acrescentando-lhe um pouco mais de farinha, levemente por toda a superfície. Sove a massa por 4 a 8 minutos. Cubra a massa com filme plástico e deixe-a descansar por no mínimo 45 minutos, podendo chegar a uma hora e meia. Verá, após este tempo que esta massa desenvolveu-se enormemente, em alguns casos triplica seu tamanho Retire os gases da massa, apertando-a e deixe descansar coberta à temperatura ambiente por mais 1/3 do tempo de cdescanso inicial. Caso tenha deixado 60 minutos, descanse-a por mais 20 minutos. Neste período final, pré-aqueça o forno a 200 gráus C. Divida a massa em 6 pedaços de tamanho e peso equivalentes. Enfarinhe os pedaços, e faça com eles tiras compridas e suficientemente largas para se montar tranças. Descanse estes pedaços por mais dez minutos cobertos com filme plástico. Feito isto, molde duas tranças, pincele-as com gema de ovo ligeiramente batidas em 2 colheres de sopa de água gelada e salpique gergelim, preto ou branco, ou até mesmo uma mistura dos dois por sobre toda a massa. Asse os pães por 20 a 30 minutos ou até dourar bem. Retire do forno e esfrie os pães sobre uma grade vazada.
Para se fazer torradas, utilize estes pães de preferência quando já se encontrarem bem maduros ou secos.
Conserve-os por até 4 dias em temperatura ambiente ou dez dias sob refrigeração. Congele-o por até 30 dias.
Esta massa serve a dezenas de propósitos. Com ela podemos fazer centenas de pães e variações as mais interessantes e gostosas. Eu faço meu Strudel Judaico, rolinhos de gergelim, Pain aux Lait, Pain aux Chocolat, Pão de Amendoim, Pão de Canela com Passas, Pão Espiral de Canela, Pão de Avelãs, Tranças Doces, Abóbora com passas e muitos outros mais.

Na foto, meu Challah como o comercializo, com minha embalagem ecológicamente correta, etiquetas e tudo, tudo produzido à mão com carinho por mim.



domingo, 3 de outubro de 2010

Minha entrada no movimento Slow Food




  Muitas vezes na vida, somos brindados por grupos de convívio que nos permitem uma acolhida e uma interação por interesses comuns. Seja a escola, com nossos amigos de brincadeiras, seja um simples grupo para se esbaldar num churrasco em família, um grupo para torcer pelo time que amamos, ou um grupo de estudos na universidade, sempre formamos grupos sociais aos quais nos apegamos, uns mais, outros menos.

  Recentemente fiquei sabendo da existência do movimento Slow Food no mundo e melhor, que este movimento foi criado na Itália por Carlo Petrini para promover uma maneira mais saudável de se alimentar inclusive protegendo a sustentabilidade desta cadeia que nos serve os alimentos que necessitamos para ter saúde. Que belo propósito. Mais interessado fiquei ao saber que no Rio de Janeiro, Margarida Nogueira já coordenava um grupo interessado em conviver harmônicamente dentro desta cadeia alimentar. Nunca, em toda minha vida, eu havia me identificado tão rápidamente e apaixonadamente por um movimento como o que me ocorreu com o Slow Food. Vi que ali estão pessoas de bem, com bons princípios, bons valores e que realmente se interessam por uma causa nobre, nosso alimento e como protegê-lo em todos os níveis.

 Liguei para Margarida, pois vi em meu trabalho uma identificação imediata com as bases e propostas do movimento Slow. Nada de fast-foods e sim a volta, o resgate do prazer de alimentar-se com parcimoniosa qualidade, com alimentos feitos com os melhores ingredientes e com aquele amor, típico de nossas mães e avós. Um amor umbilical que só alguém muito próximo e que nos quer bem pode compreender e operar favorávelmente. Assim, recebi um convite, de pronto aceito, para ir ao Rio conviver por algumas horas com membros do movimento e poder durante este convívio, passar a eles um pouco do que sei na arte do pão. Disse-me ela para escolher duas receitas e fazer estes pães no nosso encontro. 

Escolhi primeiramente o Pão Integral de Linhaça, ou Pão da Salvação, não só pelo que representou para mim, mas principalmente simbólicamente osintetiza ele, a filosofia Slow pois que descansa entre 12 e 24 horas até seu consumo final, ou até mais que isto se incluirmos o tempo para que este pão esfrie adequadamente. Bingo! Fiz o Pão Integral com linhaça dourada e todos, todos mesmo, não poderia ser diferente, gostaram, não só do método como do seu paladar, aroma e inigualável textura. Venho me alimentando deste pão há quase tres anos e minha saúde está muito boa. Brindamos com Prosecco e pão integral!

  
 Outro pão, teria que representar a mesma filosofia Slow. Porquê não o delicioso Stollen de Dresden? Este pão é também um pão filosóficamente muito adequado ao movimento, pois é preferencialmente consumido numa época do ano, apenas, o Natal, muito embora à primeira prova passamos a desejá-lo sempre a qualquer tempo. Suas frutas, cerejas, passas e amêndoas devem marinar em uma mistura de rum e maraschino por vários dias. Seu preparo, segundo as rígidas normas das associações de padeiros de Dresden, deve acontecer em novembro e sua venda ou comercialização é feita no início de dezembro para que na noite de Natal após mais de um mês do início do preparo ele possa ser aquecido, polvilhado com açúcar de confeiteiro e degustado. Um pão delicioso, tão delicioso que mesmo queimando etapas e tendo que prepará-lo no nosso encontro, fugindo das normas do movimento, pois apenas com o intuito de poder passar o modo de fazer deste pão, tive que preparar a massa e assá-la em menos de duas horas, mesmo assim esta verdadeira iguaria ficou um mel.

  Estarei, a convite da mesma Margarida e deste grupo maravilhoso, responsável nos próximos dias da implantação do Convivium do movimento Slow em Petrópolis com o aval e assessoria técnica tanto da Margarida quanto de Ricardo Tammela, que foi quem me chamou para estar na FMP-FASE em Petrópolis implantando o primeiro curso de Panificação Artesanal. E quando estamos em grupos onde há gente comprometida com nobres ideais as coisas fluem muito bem. O Convivium Petrópolis vai operar exatamente dentro dos portões da FASE que irá saber, com ajuda de seu corpo técnico, docente, discentes e colaboradores como eu irradiar cultura, princípios e a boa convivência homem-alimento que tanto devemos buscar.

  Orgulho-me de ter podido ontem passar ao movimento voluntáriamente um pouco do que sei. E sei que novas idéias, novos encontros, novas aspirações ocorrerão dentro e fora do movimento, SEMPRE para o bem!

www.slowfoodbrasil.com

domingo, 26 de setembro de 2010

Dicas para um bom pão caseiro.

Pães Caseiros de minha produção - Divino Segredo
  Todos aqueles que nunca tentaram algum dia fazer seu próprio pão em casa, ou por medo de que algo possa dar errado, ou por acharem que não vale a pena, é perda de tempo, eu vos aconselho. Percam o medo. O dar errado, as tentativas e erros são parte fundamental das descobertas que o homem faz, e vos digo que vale muito a pena, financeiramente falando. Com certeza você terá pães maravilhosos com apenas alguns cuidados básicos, alguns erros e correções e com certeza em pouco tempo você irá tirar fornadas espetaculares de seu próprio forno, seja ele qual for.
Deve-se começar pela escolha, criteriosa dos ingredientes, segundo o pão que se quer fazer. A melhor farinha, o melhor fermento, o melhor sal, a melhor água. As farinhas que temos no mercado dão conta da produção de bons pães, mas se quer ótimos pães, prefira escolher as com teor protéico maior em torno de 10%. Estas farinhas são de difícil obtenção, têm uma granulosidade maior, são mais escuras e ricas. Nos mercados talvez não seja fácil encontrá-las, mesmo assim, treine seu tato a identificar as mais granulosas e rústicas, sinal de que foram menos tratadas e branqueadas. Escolher as melhores marcas já é um bom caminho. Verifique a data de validade nas embalagens. Farinhas integrais por conter um alto teor de gorduras presentes, pois o germe rico em lipídios é mantido, apresentam tempo menor de conservação, podendo tornar-se rançosas com o passar do tempo. A rancidez prejudica o paladar e pode causar distúrbios digestivos como inapetência alimentar. A farinha deve ser sempre peneirada para que eventuais impurezas nelas contidas possam ser eliminadas. Já encontrei barbantes, arames, pedras, insetos, pêlos e muitas outras sujidades. Em nome da higiene e da saúde, deve-se peneirar SEMPRE. Com relação ao açúcar deve-se também peneirá-lo para que se evite a adição de pequenas pedras de grãos de açúcar que possam atrapalhar o tato e o trabalho da massa. Além disto, o açúcar mascavo contém muito mais impurezas que o branco e deve ser peneirado na medida do possível. Ao peneirar farinhas integrais, não descartar o percentual de fibras que sobra na peneira ao final do ato de peneirar. Dê uma olhada, caso não encontre sujidades nestas fibras, coloque-as na bacia junto com as outras. Muito importante é o descarte de qualquer peneira, seja ela de malha de nylon ou de malha de aço, que se rompa, pois fibras ou pequenos fragmentos da malha podem cair na bacia e contaminar físicamente o pão. O sal deve ser preferencialmente o marinho, pois mantem o percentual de iodo e outros microelementos intactos. Deve-se prestar atenção para evitar colocar o fermento em contato direto com o sal pois o mesmo inativa várias porções das células fúngicas. Mistura-se, regra geral os ingredientes secos em primeiro lugar, depois as gorduras e por fim os líquidos, sendo que estes últimos são variáveis, devendo ser acrescentados aos poucos conforme se modela a massa. Uma boa prática é a pouco conhecida e utilizada autólise que consiste em misturar a farinha com água inicialmente e deixar esta mistura descansar por 15 minutos quando haverá o alinhamento das proteínas formadoras de glúten para depois então adicionar os outros ingredientes e acertar a consistência da massa com mais líquido ou farinha. A autólise facilita o trabalho de boleamento e resulta num pão mais macio e até saboroso. A água deve ser de boa qualidade e medianamente dura. Dê preferencia a utilização de água mineral de dureza média., sendo que se pode utilizar águas tratadas com cloro, pois este cloro irá evaporar durante a cocção e não deixará resíduos nem cheiro ou gosto no pão. O descanso da massa deverá ser sob refrigeração se quiser assar o pão bem mais tarde. Neste caso, cubra a massa com uma camada fina de óleo e ponha numa bacia com tampa ou coberta com filme plástico. Não esquecer que, enquanto a massa está no refrigerador, a fermentação continua a ocorrer, a massa continua a crescer só que num ritmo mais lento, por isto deve-se escolher uma bacia que comporte o crescimento desta massa e de 4 em 4 horas deve-se proceder a retirada dos gases, apertando a massa, moldando-a em uma nova forma reduzida e voltando a refrigerá-la. Ao se retirar a massa do refrigerador, deve-se esperar por 4 a 6 horas para que a mesma volte à temperatura ambiente para aí sim moldá-la. Já as massas que iremos utilizar de imediato devem ter um descanso inicial de uma hora a uma hora e meia e então retira-se os gases e descansam por mais 1/3 do tempo inicial, sempre cobertas com leve camada de óleo ou azeite ou filme plástico. Nunca cubra com pano úmido, pois isto pode ressecar a massa. Os cortes devem ser dados após a modelagem final do pão e devem ser feitos IMEDIATAMENTE antes de se levar o pão ao forno. Devem ser precisos, rápidos e não profundos. O pré-aquecimento do forno deve ser feito por 25 minutos a 30 minutos antes do início do uso do forno. No caso de pães que necessitem calor intenso como pizzas, árabes e outros rústicos estendidos que se assem em chapas ou pedras, aquecem-se as pedras primeiramente e coloca-se no fundo do forno uma caneca com água fervente, além de ser útil o uso de uma toalha ou pano úmido esfregando-os por toda a superfície do forno, imediatamente antes de levar os pães ao forno, para gerar vapor. Após fechada a porta, se necessário abri-la o pode fazer desde que durante o primeiro minuto. Após decorrido o primeiro minuto, somente poderá abri-la após decorridos 65% do tempo total de forneamento, sob pena de perder qualidade na crosta do pão. Após a retirada do pão do forno o mesmo deve ser colocado em grades vazadas para que esfrie, pois o pão estará eliminando vapor por todas as suas superfícies e se você apoiar o pão numa pedra ou sobre uma superfície lisa de uma mesa por exemplo, aquele vapor que emanará do fundo do pão vai deixar sua crosta inferior totalmente melada comprometendo a qualidade do mesmo. Nunca partir pão sem a faca de serra adequada com grande comprimento, num movimento de vai-vem como que serrando-o do topo à base. Os pães são mais adequadamente fatiados após estarem frios.
Mais dicas em breve! 

sábado, 25 de setembro de 2010

A ONU e o Pão da Paz

 Hoje, comemora-se mundialmente o Dia Mundial da Paz em todo o mundo. Feliz daqueles que podem ter a paz em qualquer uma de suas formas todos os dias!
É sempre bom, muito bom poder reunir num alimento único, ancestral, universal, Sagrado desde a criação, o PÃO, conceitos que lembrem ou celebrem  a PAZ pois que sempre alimentou o ser humano como o faz há dez mil anos.
Paulo Braga, o homem da foto, escritor, jornalista e fotógrafo, reuniu num só livro, com chancela da ONU, 195 receitas documentadas com fotografias, de pães de países membros da ONU. Segundo Paulo, ´ embora diferentes, todos nós queremos básicamente as mesmas coisas: pão, paz, saúde e dignidade ` e ´ Quando nos alimentamos, nos sentamos à mesa numa atitude de partilha com as outras pessoas. E o pão é um alimento sagrado, práticamente universal. `.

No link abaixo, a desesperadora situação do povo de Zimbabue, na África. Estão trocando ouro, isto mesmo, ouro retirado às duras penas das minas por comida, por pães e farinha para sustento próprio.


http://www.youtube.com/watch?v=7ubJp6rmUYM&NR=1&feature=fvwp

Aqui, mais uma vez lembro-me de Hervé This, numa entrevista à Revista Prazeres da Mesa quando afirma que o conhecimento, a sabedoria deve ser passada, compartilhada, pois segundo ele, - Segredos morrem com a gente e isto é uma estupidez!

Esta deve ser a missão daqueles que sabem, que têm o conhecimento, o poder da sabedoria, compartilhar, dividir para que este conhecimento não se petrifique, fruto da ganância e egoísmo .

Faço um pão que já mencionei neste blog, o Strudel  Judaico onde duas culturas histórica e religiosamente antagônicas como a Judaica e a Germânica, convivem harmoniosamente num pão. O Strudel Judaico é um pão delicioso, elaborado com a massa do pão Challah e recheado e selado como um Strudel Alemão, tudo num só pão. Confesso que não era minha intenção fazê-lo para brindar a paz entre estas duas culturas, mas curiosamente, estava na Bauernfest ( Festa da colõnia Germânica de minha cidade Petrópolis ), convidado que fui pela Prefeitura, com uma barraca onde preparava um pão que chamava de Duo Dulce. Na minha barraca elaborava, num espaço de menos de 6 metros quadrados aquele pão. As pessoas passavam ou vinham como que inebriadas pelos aromas da massa recém cozida, os aromas dos temperos, da canela, dos açúcares, da banana e ao verem aquele pão lindíssimo perguntavam-me. - É um Strudel? ao que prontamente respondia - Parece mas não é!. Foi assim incontáveis vezes até que me ocorreu de realmente modificar o nome daquele pão. Porquê não Strudel Judaico, pensei? Unir num pão duas culturas antagônicas e celebrar a PAZ?? Assim fiz e até hoje este pão é um sucesso. Não há quem não se apaixone, depois de prová-lo, suas fatias finas quentinhas com um bom creme de leite fresco, umas nozes picadas no topo, um ´must` uma iguaria em panificação como poucas.

Este deve ser um dos princípios tanto daquele que faz o bom pão como aqueles que o valorizam, comprando-o e degustando-o num ritual SLOW, da mais absoluta reverencia e paz interior.

Recomendo o livro de Paulo Braga como um tesouro de descobertas interessantíssimas sobre os hábitos alimentares de países de todo o mundo e assim, mesclando culturas, ingredientes, crenças, e fazendo o pão com fé, suor, amor, poderemos continuar contribuindo para um mundo melhor onde um simples pão possa nos dias de hoje continuar levando aos homens de bem a mensagem que Deus nos ensinou, da partilha e igualdade entre nós. Se o mundo não fosse desigual, teríamos a PAZ E SERÍAMOS TODOS FELIZES, MUITO FELIZES.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Lionel Poilâne e sua fantástica padaria

 Todos os bens artísticos elaborados em pequena escala como jóias, carros, relógios sempre têm um ou alguns artesãos ou produtores que são considerados os melhores no que fazem. Assim, para carros temos Ferrari, Bentley, Bugatti, relógios remetem-nos aos Rolex, perfumes a Balenciaga e com os pães dá-se o mesmo.
  Excelentes pães são obra de poucos e um destes poucos é a Poilâne, uma boulangerie criada em Paris em 1932 por Pierre Poilâne para se fazer pães de qualidade por um método que aplicava fermentação natural, farinhas moídas em pedra mó e fornos a lenha. Em 1970 seu filho Lionel deu continuidade aos negócios com a mesma e tradicional linha de pensamento de seu pai. Ele treinava seus padeiros para terem uma visão muito mais prática do que meramente técnica dos fatores envolvidos nas fornadas de um bom pão. Os fornos não têm termômetros e a acuidade táctil e visual são as diretrizes que guiam aqueles homens a saber o tempo certo de retirar os pães do forno. Lionel faleceu no ano 2002, num acidente de helicóptero que matou também sua mulher mas a terceira geração comanda a padaria pelas mãos de uma mulher, sua filha Apollonia, segue os mandamentos do pai. Hoje os pães Poilâne saem de 24 fornos numa grande padaria, fornos estes identicos aos da padaria de Paris e são distribuidos no mundo inteiro. A única concessão feita por Lionel à modernidade, em nome da necessidade de grandes fornadas pela intensa procura, foi a introdução de misturadeiras de massa potentes e grandes o suficiente para misturar quilos de massa.
Os pães Poilâne típicos saem com 2 kg e são elaborados com 30% de uma variedade ancestral de trigo, rústico com uma casca mais resistente que protege os nutrientes e tem mais vitaminas e proteínas que o trigo comum. Esta variedade se denomina Triticum aestivum.var.spelta sendo pouco menos doceque o trigo comum. É um grão ancestral tendo sido cultivado no Irã, 5000 a 6000 anos antes de Cristo.
Lionel seguia um princípio que não admitia ser diferente. Seus padeiros eram responsáveis cada um pelos pães que produziam, desde o início ao final do processo, sem etapas ou linhas de produção descontinuadas.
Eram então treinados a apurar todas as qualidades que os bons pães devem ter. No video abaixo, vocês podem ver as massas sendo colocadas em cestos ( banettons ) para descansar e após então vão ao forno préviamente aquecido por lenha e vaporizado com tinas de água e toalhas úmidas.

Como Lionel produzia bons pães
Fantástica padaria de Lionel

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Seu Padeiro Artesanal: Petrópolis Gourmet 2010

Seu Padeiro Artesanal: Petrópolis Gourmet 2010: " Uma das coisas que tem me proporcionado mais prazer ultimamente, tem sido poder participar de eventos gastronômicos de nível, seja como v..."

Petrópolis Gourmet 2010

  
Uma das coisas que tem me proporcionado mais prazer ultimamente, tem sido poder participar de eventos gastronômicos de nível, seja como visitante, bem como palestrante ou  presente com minhas oficinas. Um destes eventos é o Petrópolis Gourmet que este ano volta à tenda do hortomercado em Itaipava para mais uma rodada de grandes acontecimentos com grandes chefs, oficinas para adultos e crianças, debates, degustações em hotéis e pousadas e grandes pratos em restaurantes, com o tema muito atual e apropriado do evento este ano: Orgânicos!
O Flávio Câmara, da Serrana Center, empresa que organiza o Gourmet é uma pessoa antenada, ligada e sabe fazer um evento de nível. Tenho certeza que neste ano teremos muito o que comemorar. Ano passado participei com algumas palestras quando se comemorava o ´Ano da França no Brasil `e foi uma participação muito interessante nesta parceria com o Flávio. Neste ano, virei com 11 atividades no evento dentre oficinas para adultos e crianças, oficinas nas comunidades carentes e ainda estarei participando representando a FMP-FASE, o que muito me orgulha e me chama à responsabilidade. Estarei divulgando os cursos de gastronomia da Profa. Caroline Geoffroy e estarei também divulgando meu primeiro curso de Pães Artesanais na instituição. Será um curso profissionalizante voltado à comunidade, com 120 horas aula e emissão final de certificado aos que cumprirem as exigências para fazer jus ao mesmo.
Na foto acima, oficina de pães integrais durante o IX Petrópolis Gourmet em 2009.
Portanto, vamos prestigiar o evento.
www.petropolisgourmet.com.br

Seu Padeiro Artesanal: Fermentação I

Seu Padeiro Artesanal: Fermentação I: " Fermento é, na arte da panificação, um elemento quase imprescindível. Digo assim porque para se fazer pão, na verdade, não se necessita f..."

Fermentação I

  Fermento é, na arte da panificação,  um elemento quase imprescindível. Digo assim porque para se fazer pão, na verdade, não se necessita fermento. Existem nos próprios grãos de cereais, naturalmente esporos de fungos que podem dar início a algum tipo de fermentação. Então, é possível se fazer pães sem fermento, denominados pães ázimos. O pão Chapati típico da India, um pão sem fermento adicionado, apresenta um nível de fermentação natural muito baixa. É um pão estendido, da categoria dos ´flatten breads` como se conhecem estes pães. Os pães chatos eram os únicos conhecidos dos homens até que os Egípcios, na Idade Antiga passassem a tratar o pão com um status de arte, dando novas e mais variadas formas aos mesmos. Isto só foi possível graças ao descobrimento da fermentação induzida que possibilitou uma maior expansão da massa e formas mais interessantes. A hóstia, da Igreja Católica é outro exemplo de pão sem fermento adicionado.

  E para se obter pão, basta que combinemos farinha com água, apenas isto. Agora, se pensarmos num bom pão, com aroma intenso, que é capaz de chegar até outros aposentos de nossas casas, vindo da cozinha, aí o fermento, a fermentação induzida pelo homem não pode mesmo faltar. Melhor ainda que seja longa, pois o prolongamento controlado da ação fermentativa é capaz de operar uma grande transformação para melhor na massa do pão.

   Os fermentos são micro-organismos vivos unicelulares da Classe dos fungi ou fungos e só podem ser vistos com auxílio de potentes microscópios, como na visão ampliada acima onde se percebem fungos Saccharomyces cerevisae.
  Existem principalmente dois tipos de fermento mais comumente utilizados. O instantâneo seco e o fresco que necessita ativação. O primeiro é encontrado em pequenos pacotinhos com 10 g. tendo algumas vantagens como maior tempo de conservação, devido à quantidade de células inativas mortas ao redor de células que podem desenvolver atividade. Esta configuração de várias células inativas ao redor de uma célula ativa, bem como a  baixa umidade presente é que conferem ao fermento seco por um processo de liofilização sua característica de maior tempo de conservação daí a não necessidade de refrigeração e de se poder ser adicionado à massa pelo método DIRETO, sem necessidade de diluição prévia. Incorpora-se à mistura junto com ingredientes secos como farinha e açúcares. Neste caso deve-se evitar que o fermento entre em contato com o sal diretamente pois o sal inibe a ação fermentativa. Em um simples pacotinho de fermento teremos mais de 25 bilhões de células fúngicas, ou mais que toda a população humana da terra. Incrível, não? O outro tipo de fermento, utilizado em maior escala e mais fácilmente encontrável é o fresco, em bloco, onde há uma porcentagem muito maior em torno de 75% de umidade na massa. É uma massa acinzentada de odor levemente fresco e característico, e compõe-se de células ativas adormecidas protegidas por camada de amido e água. Este fermento, para ser eficiente necessita ativação por meio de diluição prévia em água. Este fermento necessita um maior controle na armazenagem. Deve ser conservado sempre sob refrigeração, por volta dos 10 graus C em recipiente vedado. Qualquer alteração, principalmente em sua cor e textura, ou seja se a cor ficar escura e a textura granulosa demais é sinal de que este fermento não se presta mais devendo ser descartado. Outro fato importantíssimo é que o fermento, por ser organismo vivo, se comporta como nós humanos em alguns aspectos. Nascem crescem reproduzem-se e morrem. Temem temperaturas acima de 60 graus C quando morrem porém em temperaturas frias ou extremas ainda podem ser mantidos para serem utilizados mais adiante. Mais sobre fermento na próxima semana...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Seu Padeiro Artesanal: Outra deliciosa receita..Pizza Crocante, super fác...

Seu Padeiro Artesanal: Outra deliciosa receita..Pizza Crocante, super fác...: " Esta receita é muito, muito simples, fácil e deliciosa. Numa bacia, peneire uma xícara de farinha de trigo branca, acrescente uma colher..."

Outra deliciosa receita..Pizza Crocante, super fácil!

  Esta receita é muito, muito simples, fácil e deliciosa.
  Numa bacia, peneire uma xícara de farinha de trigo branca, acrescente uma colher e meia de chá de sal e algumas colheres de sopa rasas de orégano. Numa xícara à parte dilua 10 g. de fermento biológico fresco em meia xícara de água morna. Acrescente esta água à bacia, ponha 3 colheres de sopa de azeite e misture bem, acrescentando um pouco mais de água se necessário. A massa fica pegajosa, úmida, grudando nas mãos. Unte uma assadeira média redonda com uma camada de óleo e outra de azeite e deite a massa no centro da assadeira com cuidado, enfarinhando levemente as suas mãos e o topo da massa. Vá, com suas mãos esticando a massa até cobrir toda a assadeira. Este processo de esticar a massa pode ser feito em tres ou quatro etapas. Estique um pouco, enfarinhe levemente e descanse. Estique mais um pouco, enfarinhe e descanse... Ficará muito fina, muito fina mesmo. Pincele azeite por toda a superfície da massa e salpique orégano.
Cubra o fundo com uma camada de queijo mozzarella, pique tomates, cebolas em cubinhos bem finos e espalhe-os por sobre a mozzarella. Pique umas azeitonas Portuguesas e espalhe-as. Salpique uma generosa camada de queijo Parmesão ou Grana Padano ralado na hora. Se desejar, pique umas linguiças calabresas finas, ou finas fatias de presunto. Regue com azeite e finalmente espalhe uma camada de Panco ou miolo de pão por sobre a pizza. Deixe descansar coberta por filme plástico, por uma hora à temperatura ambiente.
Pré-aqueça o forno a 300 gráus C. Asse a pizza por 8 minutos e depois abaixe o forno para 220 gráus C. E asse por mais 15 a 20 minutos ou até dourar levemente. Retire-a do forno, desenforme-a e deixe-a esfriar por pelo menos 15 minutos até servir.
Incrível, mas esta pizza é super crocante, finíssima, e se for picada com auxílio de uma tesoura, pode até servir de croutons em caldos e sopas.
Na Itália este tipo de pizza se denomina Sfincione.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seu Padeiro Artesanal: Stollen de Dresden

Seu Padeiro Artesanal: Stollen de Dresden: "Aqui em Petrópolis e mesmo no Brasil é difícil, muito difícil mesmo encontrar um bom Stollen, o pão Natalino por excelência, uma iguaria co..."

Stollen de Dresden


Aqui em Petrópolis e mesmo no Brasil é difícil, muito difícil mesmo encontrar um bom Stollen, o pão Natalino por excelência, uma iguaria como poucas e que merece um estudo. Na Alemanha se comemora a Stollenfest todos os anos em Novembro, época ideal para a produção pois as vendas acontecem no início de dezembro, para que o Rum que banha a massa possa maturar, espalhando-se uniformemente pelo miolo tenro deste pão e quando o mesmo for cortado, fatiando-se do centro para as extremidades, ele revelará toda sua riqueza, na textura, no aroma, uma delícia.
Utiliza-se materiais de primeiríssima qualidade. As cerejas devem marinar num autêntico Maraschino por dois dias ou mais, e depois deitadas ao Rum Jamaicano,  junto às passas douradas, às lascas de Amêndoas Chilenas e algumas cascas de cidra raladas e aí sim, após uma noite, estarão prontas. O pão, a massa do pão deve descansar por pelo menos quatro horas, deve ser ´aveludada `com o mais puro leite, com carinho e poucas colheres do mesmo.À massa deve-se acrescentar cascas de limão raladas junto ao mais fino açúcar. Sua conservação faz-se-á envolvendo o pão num saco de linho e mantendo-o a uma temperatura de aproximadamente dez a quinze gráus C, sem a cobertura de açúcar de confeiteiro, dentro de uma caixa de madeira ou papelão, fechada até a chegada da noite de Natal. Aí sim, poderá ser aberta a caixa, retira-se o pão do saco de linho, e aquece-o no forno médio por 8 a 12 minutos. Retira-se do forno e peneira-se uma suficiente quantidade de açúcar de confeiteiro por toda sua crosta externa. Ao fatiá-lo como foi dito, faça-o do centro para as extremidades e caso sobre algum pão ( coisa muito, muito difícil ), deve-se juntar as extremidades fechando o centro do pão.
Pronto, eis aqui, resumidamente as etapas que carinhosamente, pacientemente temos que cumprir para se ter um verdadeiro Stollen, digno deste nome, com a chancela dos padeiros de Dresden e que eu reproduzo com
bastante alegria, felicidade mesmo. O resultado, altamente recompensador.
  A receita, passarei num próximo texto! Aguardem.
Estarei em outubro e novembro, participando do X Petrópolis Gourmet a convite da FMP-FASE e numa das oficinas gastronômicas estarei executando este pão, com todos os segredos. Presente de Papai Noel.
Na foto, eu e um dos Stollens que preparei, carinhosamente, no Natal passado.
Confiram o link da Stollenfest, muito parecida com a festa germânica que acontece todos os anos aqui em minha cidade e que foi desenvolvida, ampliada pelo meu querido pai Ronaldo Pazos Gonzalez ( já falecido ) há vinte e um anos atrás, a Bauernfest.



Vamos continuar com um pão fácil, delicioso, Delícia Toscana!

Verdadeira delícia facílima de fazer e ótimo acompanhamento para vinho tinto e cervejas.
  Este pão é tão fácil quanto o é DELICIOSO. Ideal para se degustar com uma boa cerveja gelada, muito bem acompanhado.
Ingredientes:
3 xícaras de farinha de trigo branca
1 1/2 xícara de água mineral morna
3 colheres de sopa de um bom azeite
20 g. de fermento biológico fresco
um pouco de sal marinho q.b.
ervas secas e temperos a gosto

Preparo:

Unte uma assadeira retangular média com uma camada de óleo de milho ou girassol e outra camada de óleo de oliva. Isto vai assegurar um pão crocante e saboroso na base. Evite utilizar assadeiras com Teflon pois elas absorvem muito calor e queimam mais rapidamente.
Numa bacia, misture a farinha e o sal, acrescente a água com o fermento préviamente diluído em parte da mesma, acrescente o azeite e misture bem. Esta massa resultará bem úmida, grudando nas mãos.
Ponha a massa no centro da assadeira, enfarinhe ligeiramente o topo desta massa e as suas mãos e vá esticando a massa aos poucos até ela cobrir toda a superfície da bacia. Faça com auxílio de uma espátula ou um cortador de pizza, dez cortes perpendiculares. Numa bacia à parte misture os temperos como orégano, tomilho, pimenta do reino, lemon pepper ou outra combinação de sua preferência. Espalhe por sobre a massa os temperos e cubra a massa com um plástico. Deixe-a descansar à temperatura ambiente por 45 minutos a uma hora.
Pré-aqueça o forno no quarto final do período de descanso a 300 gráus C. Asse o pão por dez minutos, abaixe a temperatura para 200 Gráus C e asse por mais quinze a 20 minutos ou até iniciar a dourar as bordas e o fundo.
Retire do forno e coloque o pão sobre uma grade vazada para esfriar. Esta grade vazada serve ao propósito de deixar que os vapores que emanam do pão sejam expelidos sem umidificar o fundo do pão.


O início de tudo!

  Fazer pães,à moda antiga, práticamente como o homem fazia a milhares de anos atrás. Desde que você tenha se decidido a fazê-lo, pode acreditar, o fará. E se fizer com AMOR, seguindo preceitos mínimos, segundo a filosofia Slow Food, tratando bem toda a cadeia produtiva alimentícia, voce fará pães ainda melhores e vai poder degustá-los com seus amigos, sua família e com todos que o cercam e que o querem bem.
  
  Posso lhes dizer, é um dos melhores e mais prazerosos desafios que já enfrentei. Terapia emocional pois você aprende muito bem a administrar seu tempo, controlar ansiedade, aprende com as culturas alheias e aprende a ensinar, compartilhar a sua com o mundo. Aprende com a química, a física, a geografia, a história deste tão nobre alimento, o pão.

  Mas falo aqui do bom pão, não destes pães que hoje a cultura moderna quer nos impor, cheio de tecnologias onde se consegue produção em larga escala às custas da NOSSA SAÚDE. Não, não, não, não, destes pães, afasta-te. Arregace suas mangas, escolha ingredientes saudáveis, utilize suas maiores ferramentas, aquelas que Deus lhe deu seu CÉREBRO com o dom da inteligência, suas MÃOS com o dom da habilidade  e seu CORAÇÃO, com o dom da bondade, apenas isto? Não, não, não!!
Deus nos deu os cinco sentidos. Contemple o belo pão, a bela fornada que retiraste de seu forno, seus olhos brilharão, e se encherão de lágrimas se voce for emotivo.Agora, experimente a textura do bom pão, retire pedaços do mesmo, não com uma faca, mas com suas próprias mãos. Leve este belo pedaço de pão próximo de suas narinas e sinta os aromas que dele emanam, indescritíveis. Ponha este belo pedaço de pão na sua boca, morda-o e ouça o estalar de um bom pão, um excelente pão feito por você mesmo, com os ingredientes de um bom pão apenas, ou seja, farinha, fermento biológico e uma excelente água. Agora que este pedaço de pão se encontra em sua boca, sinta o paladar único, incontestávelmente excitante, até exótico que sua lingua com as papilas gustativas nunca haviam experimentado antes, pois que outros sabores o agradavam mais, por absoluta falta de algo comparativamente muito melhor. Agora pense no bem, no grande bem que este pão estará fazendo a voce, tanto na sua saúde física quanto na emocional. É para isto que estarei aqui, para isto fiz este blog. Vou ensiná-lo a fazer um bom pão, mas quero corresponder-me com todos, pois a vida é eterno aprendizado. Segundo o mago da gastronomia Francesa Hervé This , - segredos, morrem com a gente e isto, é uma estupidez! ( em entrevista à revista Prazeres da Mesa ).

Longe de ter segredos guardados, passo aqui a vocês a receita de meu primeiro pão. Um pão integral de linhaça num método revolucionário que busquei na web meses atrás quando me faltava dinheiro às vezes por dias seguidos para ir à padaria comprar meus pães. Este pão, este método, é obra de Jim Lahey, e se denomina NO-KNEAD-BREAD, ou o pão que não necessita sova, apenas descanso longo, longa fermentação e esta fermentação prolongada, lenta, faz toda a diferença neste delicioso pão.

É um belo início, acredite e siga sua intuição, seu dom, sua habilidade e torne-se artífice de seu primeiro alimento, aquele que devemos comer todos os dias, com prazer e trazendo saúde a nós mesmos e à humanidade.

   A receita está no link abaixo e esta foto acima é o meu primeiro pão, o Pão da Salvação. Que ele possa simbólica e práticamente ser o início de uma mudança, uma revolução, uma quebra de paradigmas na vida de muita gente. Minha vida já mudou, e a sua com certeza, irá mudar, para melhor!

  Bem vindo ao blog!
  Ricardo Gonzalez