Hoje, comemora-se mundialmente o Dia Mundial da Paz em todo o mundo. Feliz daqueles que podem ter a paz em qualquer uma de suas formas todos os dias!
É sempre bom, muito bom poder reunir num alimento único, ancestral, universal, Sagrado desde a criação, o PÃO, conceitos que lembrem ou celebrem a PAZ pois que sempre alimentou o ser humano como o faz há dez mil anos.
Paulo Braga, o homem da foto, escritor, jornalista e fotógrafo, reuniu num só livro, com chancela da ONU, 195 receitas documentadas com fotografias, de pães de países membros da ONU. Segundo Paulo, ´ embora diferentes, todos nós queremos básicamente as mesmas coisas: pão, paz, saúde e dignidade ` e ´ Quando nos alimentamos, nos sentamos à mesa numa atitude de partilha com as outras pessoas. E o pão é um alimento sagrado, práticamente universal. `.
No link abaixo, a desesperadora situação do povo de Zimbabue, na África. Estão trocando ouro, isto mesmo, ouro retirado às duras penas das minas por comida, por pães e farinha para sustento próprio.
http://www.youtube.com/watch?v=7ubJp6rmUYM&NR=1&feature=fvwp
Aqui, mais uma vez lembro-me de Hervé This, numa entrevista à Revista Prazeres da Mesa quando afirma que o conhecimento, a sabedoria deve ser passada, compartilhada, pois segundo ele, - Segredos morrem com a gente e isto é uma estupidez!
Esta deve ser a missão daqueles que sabem, que têm o conhecimento, o poder da sabedoria, compartilhar, dividir para que este conhecimento não se petrifique, fruto da ganância e egoísmo .
Faço um pão que já mencionei neste blog, o Strudel Judaico onde duas culturas histórica e religiosamente antagônicas como a Judaica e a Germânica, convivem harmoniosamente num pão. O Strudel Judaico é um pão delicioso, elaborado com a massa do pão Challah e recheado e selado como um Strudel Alemão, tudo num só pão. Confesso que não era minha intenção fazê-lo para brindar a paz entre estas duas culturas, mas curiosamente, estava na Bauernfest ( Festa da colõnia Germânica de minha cidade Petrópolis ), convidado que fui pela Prefeitura, com uma barraca onde preparava um pão que chamava de Duo Dulce. Na minha barraca elaborava, num espaço de menos de 6 metros quadrados aquele pão. As pessoas passavam ou vinham como que inebriadas pelos aromas da massa recém cozida, os aromas dos temperos, da canela, dos açúcares, da banana e ao verem aquele pão lindíssimo perguntavam-me. - É um Strudel? ao que prontamente respondia - Parece mas não é!. Foi assim incontáveis vezes até que me ocorreu de realmente modificar o nome daquele pão. Porquê não Strudel Judaico, pensei? Unir num pão duas culturas antagônicas e celebrar a PAZ?? Assim fiz e até hoje este pão é um sucesso. Não há quem não se apaixone, depois de prová-lo, suas fatias finas quentinhas com um bom creme de leite fresco, umas nozes picadas no topo, um ´must` uma iguaria em panificação como poucas.
Este deve ser um dos princípios tanto daquele que faz o bom pão como aqueles que o valorizam, comprando-o e degustando-o num ritual SLOW, da mais absoluta reverencia e paz interior.
Recomendo o livro de Paulo Braga como um tesouro de descobertas interessantíssimas sobre os hábitos alimentares de países de todo o mundo e assim, mesclando culturas, ingredientes, crenças, e fazendo o pão com fé, suor, amor, poderemos continuar contribuindo para um mundo melhor onde um simples pão possa nos dias de hoje continuar levando aos homens de bem a mensagem que Deus nos ensinou, da partilha e igualdade entre nós. Se o mundo não fosse desigual, teríamos a PAZ E SERÍAMOS TODOS FELIZES, MUITO FELIZES.